Estranha Forma de Vida: Crítica | “Não é todo dia que alguém atravessa o deserto para te ver”

Estranha Forma de Vida: Crítica | “Não é todo dia que alguém atravessa o deserto para te ver” - Metropolitana FM

Estranha Forma de Vida é uma homenagem e uma aventura de Pedro Almodóvar (A Pele Que Habito) ao gênero western – muito conhecido como faroeste. O curta-metragem é uma versão não-oficial do que O Segredo de Brokeback Mountain (2005) poderia ter sido se o cineasta tivesse comandado o popular projeto protagonizado por Heath Ledger e Jake Gyllenhaal.

Com Ethan Hawke e Pedro Pascal nos papéis principais, Estranha Forma de Vida deixa um gostinho na boca e uma vontade de saber mais e, exatamente por isso, que a produção funciona tão bem como curta-metragem.

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Estranha Forma de Vida começa com o popular fado de Amália Rodrigues, Estranha Forma de Vida, interpretado por Caetano Veloso. A música cria uma expectativa e conta, sem o expectador saber, como é a relação entre Silva (Pascal) e Jake (Hawke).

O curta-metragem é um diálogo íntimo sobre um amor não-resolvido entre os protagonistas, enquanto Silva é aberto e aceita o que aconteceu entre ele e Jake. O personagem de Hawke cria uma barreira e culpa o excesso de álcool pelo caso de 60 dias que os ex-amantes viveram no auge de sua juventude há 25 anos.

Pedro Almodóvar cria um erotismo nos detalhes das conversas, dos olhares e das atitudes. Quando os protagonistas sucumbem a paixão reprimida, nenhuma cena dos dois se amando é mostrada, porque todo o erotismo é carregado no que antecede e procede o ato.

Ethan Hawke é Jake e Pedro Pascal é Silva em “Estranha Forma de Vida” (Foto: Reprodução/El Deseo)

Ethan Hawke é Jake e Pedro Pascal é Silva em “Estranha Forma de Vida” (Foto: Reprodução/El Deseo)

O acerto do tom do faroeste de Almodóvar está nos segredos e nas entrelinhas de todo o diálogo do curta-metragem, tanto Jake quanto Silva tem um objetivo por trás do seu encontro. É a moral e a consideração pela família que rege as atitudes de ambos os protagonistas, a honra de ambos é testada e, assim como todo filme de faroeste, “a lei está gravada na pele, mas a honra precede a lei.

São trinta minutos de diálogos cheios de intensidade e significados com uma profunda química entre Ethan Hawke e Pedro Pascal e entre Jason Fernández e José Condessa, ambas as duplas conseguiram transmitir o peso do desejo em fases diferentes da vida dos protagonistas. Hawke e Pascal representam a paixão reprimida pelas escolhas e Fernández e Condessa mostram a paixão recém descoberta que incendeia.

Estranha Forma de Vida é um curta-metragem que também homenageia o western, sem perder a oportunidade de apresentar e presentear com algo novo o expectador que já viu tantas histórias do gênero.

NOTA: 9,5/10

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